Vale a pena assistir Operação Fronteira?


Antes da Netflix lançar Roma, eu provavelmente não colocaria a minha mão no fogo sobre nenhum futuro roteiro, já que eles não conseguiam amara quase que história nenhuma, a não ser as comedias românticas e olhe lá. Simplesmente não apostavam nos roteiristas e diretores certos. O streaming apareceu com dois novos títulos, com nomes de diretores e roteiristas conceituados e dois elencos de peso, Operação Fronteira e The Irishman. Acabaram elevando nossa confiança e vamos dizer que eles não estão decepcionando no primeiro lançamento.  

Santiago “Pope” Garcia (Oscar Isaac) é um consultor militar privado que combate ao narcotráfico na Colômbia. Durante o seu tempo operacional ele conhece Yovanna (Adria Arjona), uma jovem que promete fornecer informações sobre Lorea - o chefe do crime -, e em troca Pope leva ela e seu irmão para fora do país e longe do tráfico. Pope volta aos EUA e oferece uma nova oportunidade para os amigos que serviram as Forças Especiais do exército dos Estados Unidos com ele. Todos precisam lidam com o trauma causado pelos tempos de guerra, o esquecimento e falta de suporte do país que serviram. William “Ironhead” Miller (Charlie Hunnam) é um palestrante motivacional para militares, Tom “Redfly” Davis (Ben Affleck) tornou-se um corretor de imóveis que sofre com dividas, Francisco "Catfish" Morales (Pedro Pascal) é um ex-pioto que lida com uso de drogas e Ben Miller (Garrett Hedlund) é um lutador que muitas vezes aceita perder por dinheiro.  

Atacando os pontos frágeis dos amigos, Pope consegue reuni-los com a desculpa de estarem trabalhando para o governo Colombiano, enquanto aprendem um narcotraficante na tríplice fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai). Mas o grande alvo realmente se torna o dinheiro que é escondido na casa. 


Acho que cada filme traz a sua essência e se analisarmos direitinho todos tem defeitos, obviamente alguns mais do outros. Mas precisamos concordar que se você tem um elenco genial com Ben Affleck, Charlie Hunnam (SENHOR DA MINHA VIDA), Oscar Isaac, Garrett Hedlund e Pedro Pascal, e perde a chance de se aprofunda nos personagens, você está desperdiçando. Eu esperava que os atores tivessem chances de mostrarem todo o bom trabalho que eles conseguem, mas acabou sendo um projeto com muitos nomes importantes e poucas performasses marcantes.  

O filme é dirigido po J. C. Chandor (O ano mais violento) e com roteio assinado pelo mesmo juntamente com Mark Boal. O Longa quase teve Kathryn Bigelow (Diretora ganhadora do Oscar por Guerra Ao Terror – 2008) como diretora e com nomes de peso sendo cotados para o elenco, como Tom Hanks, Johnny Depp, Tom Hardy, Mahershala Ali e Will Smith. Muita coisa aconteceu, o filme que seria produzido pela Paramont foi descartado uma semana antes de começar a gravação e ai a Netflix conseguiu por as mão no projeto. 

Talvez todas essas mudanças tenham abalado a estrutura do filme, mas uma coisa é certa, se sempre souberam que teriam atores grandes participando do elenco, porque não pensaram em explorar mais de todos os personagens? 


Santiago “Pope” Garcia (Oscar Isaac) inicia o filme em destaque, já que ele é o responsável por juntar todos os ex-militares nessa operação. O filme tem um foco interessante sobre o que acontece com militares depois que eles prestam serviços para o seu país, muitos são esquecidos, obrigados a se aposentar e tem que lidar sozinhos com os traumas e a falta de dinheiro enquanto tenta ser inseridos na sociedade novamente.   

No início do filme, Ironhead, palestra para diversos militares sobre esses traumas e o peso de carregar a bandeira do seu país no ombro, “A guerra deixa marcas na biologia e na fisiologia do ser humano” o que é interessante para a construção dos personagens e até uma justificativa para as escolhas que eles fazem no decorrer da trama. Mas não impede de tropeçarem naquele velho enredo que conhecemos, sobre militares que virarem mercenários para ganhar dinheiro e acabam arriscando tudo enquanto caem em uma missão fadada ao fracasso.   

Nos primeiros 60 min você fica preso na história, por mais que Ironhead, Catfish e Ben Miller sejam quase figurantes – o que me faz achar um desperdício -, Redfly lidera bem o time e podemos dizer que é um bom trabalho do Ben Affleck, se levarmos em conta o período que ele se encontra como ator. No entanto, o filme começa a se arrasta em uma série de problemas que se tornam cada vez mais insolucináveis. Com o objetivo de problematizar escolhas éticas, morais e talvez até questionar essa “invasão” americana em país menos favorecidos. A direção perde o controle por não conseguir explorar bem cada personagem separadamente e isso se torna um pecado, já que perdeu tanto tempo introduzindo cada um no começo do longa. O grande “bum” acontece no meio e depois parece que o roteirista criou tantos obstáculos óbvios, que você simplesmente sabe como aquilo tudo vai terminar. 

A fotografia do filme é muito bem produzida, os momentos de combatem possuem uma riqueza de detalhes e é fiel a proposta que prometeram, já que muitos filmes pecam quando tentam retratar países da América do Sul. A trilha sonora não deixa a desejar e já começa com For Whom The Bell Tolls do Metallica que é exatamente uma crítica a guerras e todas as coisas que um militar é obrigado a lidar.  


É um filme mediano, pra um elenco tão bom, Hedlund, Pascal e Hunnam quase não são acessados e acabam se transformando em personagens secundários e padrões, mas também não atrapalham o desenvolver da história. Se formos levar em consideração que esse filme teve diversas controversas na produção - que foi apresentada em meados de 2010 -, ele superou muitas coisas e tem u enredo bem aceitável. Quanto aos filmes da Netflix, eu diria que já conseguimos ver um amadurecimento de roteiro, mesmo que não chegue aos pés da obra prima “Roma”, mostra que o streaming aprendeu onde apostar seus esforços.  

Vale a pena conferir, mesmo com todas as problemáticas, ainda é uma boa produção e esse elenco é fenomenal, ainda que não tenham tido a oportunidade de mostrarem as performasses brilhantes da forma que sabemos que cada nome ali pode ter e que esse seja de longe o melhor trabalho de J. C. Chandor, ainda são grandes nomes, fazendo um bom trabalho.

Um pequeno PS, o filme termina de forma que provavelmente dá pra ter continuação, mas ainda não tem rumores sobre isso. Será? 

Trailer:


Título Original: Triple Frontier
Direção: J. C. Chandor
Canal/Produtora: Atlas Entertainment e Netflix
História de: Mark Boal
Ano: 2019
Avaliação: ★★★

*Texto escrito por Ana Moraes

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